A Empresa Delta foi fundada em 1º de abril de 1944, por Felicíssimo de Oliveira Junior, Fernando Rodrigues de Oliveira e André Klein. Desde seus primeiros passos, a Delta se destacou na produção de transformadores, máquinas de solda e carregadores de baterias. O foco inicial na fabricação de equipamentos para radioamadores consolidou a empresa como um dos principais fabricantes nacionais nesse segmento. A localização inicial no bairro Capela do Socorro, em São Paulo, foi estratégica para o crescimento da companhia, que se tornou uma referência em qualidade e inovação.
Em 1946, Gino Pereira dos Reis, um dos mais jovens e talentosos funcionários da Delta, foi convidado a se tornar sócio e assumir a diretoria técnica da empresa. Sua contribuição foi fundamental para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias, fortalecendo a posição da Delta no mercado. A visão empreendedora de Gino impulsionou a Delta a expandir sua linha de produtos, sempre mantendo um compromisso com a qualidade e a satisfação do cliente.
Atualmente, a Delta é reconhecida por sua atuação no setor de equipamentos de som e componentes eletromecânicos, utilizando a marca Torplás. Essa transição para novos mercados demonstra a capacidade da empresa em se adaptar às demandas do mercado e às inovações tecnológicas. A Delta continua investindo em pesquisa e desenvolvimento, buscando sempre oferecer soluções que atendam às necessidades dos consumidores.
A trajetória da Empresa Delta reflete um compromisso contínuo com a excelência e a inovação. Com uma história rica e um futuro promissor, a empresa se posiciona como uma líder no setor industrial brasileiro. Com o apoio de profissionais dedicados e uma visão clara, a Delta está pronta para enfrentar os desafios do mercado moderno e continuar sua missão de fornecer produtos de alta qualidade que atendam às expectativas dos clientes.
A Evolução da Empresa Delta no Mercado de Rádio
A Empresa Delta deu um passo significativo em sua trajetória no início de 1951, ao entrar no mercado de equipamentos de transmissão para radioamadores. A parceria com a fabricante italiana Geloso permitiu à Delta importar e distribuir kits e equipamentos completos, tornando-se representante e distribuidor exclusivo dessa marca no Brasil. Durante os anos de 1954 e 1955, a empresa também comercializou aparelhos de televisão da Geloso, ampliando seu portfólio e presença no mercado.
Em 1952, a Delta começou a produzir localmente o receptor Delta 207 BR, uma versão adaptada do receptor italiano Geloso 207. Essa iniciativa não apenas demonstrou a capacidade da empresa em nacionalizar produtos, mas também destacou o compromisso com a qualidade. Os kits desmontados eram importados e montados no Brasil, onde o painel era personalizado com inscrições em português. Essa atenção aos detalhes ajudou a solidificar a marca Delta como uma escolha confiável entre os consumidores.
Outro marco importante foi a produção do transmissor de AM e CW Delta 210, que utilizava uma válvula 807 na saída. Este foi o primeiro transmissor de AM fabricado pela empresa, representando um avanço significativo em sua linha de produtos. Tanto o transmissor quanto o receptor eram facilmente reconhecíveis pelo design inspirado nos equipamentos italianos Geloso, incluindo características como o gabinete estilizado e os knobs em formato de flor, que se tornaram uma assinatura da marca.
A dedicação da Empresa Delta à inovação e à adaptação às necessidades do mercado é evidente em sua história. Com uma base sólida construída ao longo das décadas, a empresa continua a ser uma referência na indústria de equipamentos eletrônicos no Brasil. A experiência adquirida ao longo dos anos permite que a Delta mantenha sua relevância e competitividade, sempre buscando novas oportunidades para expandir sua atuação e atender melhor seus clientes.
A Inovação da Empresa Delta no Setor de Radioamadorismo
A Empresa Delta continuou a se destacar no mercado de equipamentos de radioamadorismo com a contratação de Roberto Macedo Corbett, conhecido como “Zé Kilowatt”, em 1955. Sob a coordenação do diretor técnico Gino Pereira dos Reis, a equipe projetou os primeiros equipamentos desenvolvidos internamente, como o receptor Delta 208. Este receptor de ondas curtas apresentava um design que lembrava os equipamentos de comunicação, incorporando um “reloginho” para sintonia fina. A versão mais antiga trazia a inscrição “micro-sintonia”, enquanto a versão posterior foi atualizada para “bandspread”. Esse modelo utilizava o monobloco Geloso 2615, consolidando a Delta como uma referência no segmento.
Na mesma época, a Delta lançou o transmissor Delta 310, que ficou conhecido como “cara preta”. Este modelo, apesar do painel cinza escuro, foi um marco na história da empresa. Utilizando uma válvula triodo 6C4 como osciladora do VFO, o Delta 310 passou por várias iterações, incluindo o pouco conhecido VFO Delta 330, que poderia funcionar como um transmissor QRP de CW. O design do transmissor foi inspirado no modelo anterior, mas recebeu um redesenho significativo por Corbett, que incluiu melhorias na eficiência e na estética.
Em março de 1964, a Delta lançou o receptor Delta 209, um equipamento multibanda para AM, CW e SSB. Este receptor foi considerado o melhor desenvolvido pela empresa até aquele momento, utilizando o monobloco Geloso 2620-A. Com as dificuldades enfrentadas na importação de componentes eletrônicos, a Delta também introduziu o Delta 308, uma evolução do Delta 208, que incorporava um novo monobloco produzido internamente. Essa capacidade de adaptação às condições do mercado demonstrou a resiliência da empresa e seu compromisso com a inovação.
A linha de produtos da Empresa Delta continuou a crescer ao longo dos anos, culminando na introdução do amplificador linear Delta 1000 em junho de 1964. Este amplificador utilizava quatro válvulas 811 e permitia montar uma estação completa de radioamador com potência de entrada de até 1KW. Essa conquista foi notável para um país sul-americano que estava apenas começando sua jornada industrial. A dedicação da Delta à qualidade e à inovação solidificou sua posição como líder no setor e deixou um legado duradouro no mundo do radioamadorismo.
A Evolução do Transmissor Delta 310-II
A Empresa Delta continuou a inovar entre o final da década de 1960 e o início da década de 1970 com o lançamento do transmissor Delta 310-II. Este modelo, embora semelhante ao anterior Delta 310-1, trouxe melhorias significativas. As válvulas retificadoras 5U4 foram substituídas por diodos de estado sólido, aumentando a eficiência do equipamento. Um novo potenciômetro de microfone foi adicionado, permitindo desligar o filamento das válvulas do modulador durante operações em CW, preservando a vida útil dos componentes.
Esteticamente, o Delta 310-II se destacou com um painel em cinza claro, similar ao receptor Delta 309, e knobs na mesma tonalidade. A inclusão de um miliamperímetro mais moderno, com frente em acrílico transparente, também foi uma inovação bem recebida. Apesar das melhorias, algumas variações desse modelo apresentaram problemas técnicos característicos, como instabilidades no VFO e transmissões indesejadas em FM.
Outro marco importante foi a introdução do Delta 340, um transmissor SSB que utilizava duas válvulas 6DQ6. Baseado em projetos internacionais, esse modelo enfrentou desafios de ajuste e produção limitada. A saída do projetista Michael para seguir novos caminhos resultou em poucas unidades fabricadas, muitas das quais foram adaptadas para transmissões AM devido à complexidade do ajuste.
Com a morte prematura de Roberto Macedo Corbett em 1975, a Delta contratou Leo Batista para liderar os novos projetos. Sob sua orientação, o Delta 500 foi lançado, um transceptor SSB multibanda que rapidamente se tornou um sucesso. Com um design moderno e potência de 400 watts, esse equipamento representou uma nova era para a empresa, marcando sua evolução contínua no mundo do radioamadorismo. O Delta 500 não apenas atendeu às demandas dos usuários avançados, mas também conquistou os iniciantes com suas funcionalidades acessíveis e design inovador.
Desafios e Inovações da Empresa Delta
A Empresa Delta se destacou no mercado de equipamentos de radioamadorismo, mas não sem enfrentar desafios significativos. O modelo Delta 500/550, apesar de ser robusto e potente, apresentava sérios problemas de projeto. A instabilidade do VFO foi um dos principais obstáculos, causada pela baixa qualidade dos capacitores cerâmicos nacionais da época. Com a proibição de importação de componentes eletrônicos, a Delta ficou restrita a opções limitadas, resultando em variações na qualidade dos capacitores adquiridos. Isso impactou diretamente o desempenho do equipamento, tornando-o menos confiável.
Outro aspecto que gerou críticas foi a falta de um circuito de sintonia manual na excitação do tanque final. Essa ausência resultava em uma perda de potência ao longo da faixa de transmissão, especialmente nas bandas de 20, 15 e 10 metros, onde espúrios (birdies) eram comuns. O circuito do AGC também necessitava de melhorias, pois apresentava um tempo de recuperação muito rápido, tornando a recepção ruidosa em faixas como 80 e 40 metros. A falta de um interruptor de filamento no painel do rádio impedia o uso em recepção sem desgaste das válvulas de transmissão.
Com o lançamento do Delta 550 II, muitos desses problemas foram corrigidos. As frequências dos cristais do gerador do oscilador local foram ajustadas, demonstrando que a empresa reconheceu as falhas iniciais no projeto. Apesar das dificuldades enfrentadas, o Delta 500 se destacou por sua construção sólida e confiável. Sua facilidade de operação e manutenção contribuíram para seu sucesso nas vendas durante um período em que poucos fabricantes brasileiros ofereciam equipamentos multibanda para radioamadores.
Em 1985, a Delta lançou seu primeiro rádio VHF, o Delta DBR-525, mas as condições adversas do mercado levaram à interrupção da produção. A concorrência desleal e as dificuldades econômicas resultaram no encerramento das atividades da empresa na área do radioamadorismo em 1987. Apesar disso, a Delta deixou um legado importante, com equipamentos que se tornaram clássicos e continuam a ser valorizados por entusiastas até hoje.
O Legado de Gino Pereira dos Reis na Empresa Delta
A Empresa Delta não é apenas conhecida por seus equipamentos de radioamadorismo, mas também pela contribuição significativa de seu fundador, Gino Pereira dos Reis. Além de sua atuação na empresa, Gino foi um cidadão exemplar e um benemérito ativo em diversas causas sociais. Sua liderança no Rotary, onde presidiu o Rotary Distrito 461 e representou o Rotary International na América do Sul, demonstra seu compromisso com a comunidade. Gino foi pioneiro em iniciativas voltadas para o combate às drogas e à AIDS no Brasil, recebendo títulos honorários de governos de países como França, Estados Unidos e Itália.
Gino também dedicou mais de 30 anos à presidência da Federação de Obras Sociais (FOS), onde cuidou de cerca de 1.600 entidades sociais. Sua atuação como Secretário Anti-Drogas e presidente do CONEN e do CONFEN foi fundamental para a formulação de políticas públicas eficazes no Brasil. Além disso, ele se destacou como diretor no Hospital do Câncer e na Fundação Dorina Norwil para Cegos, mostrando um compromisso inabalável com a saúde e a inclusão social.
Na Empresa Delta, Gino foi pioneiro na inclusão de portadores de necessidades especiais, muito antes dessa prática ser amplamente reconhecida. Ele implementou uma linha de produção de eletrolas que empregava cegos e deficientes físicos, demonstrando sua visão progressista e humanitária. A criação da primeira máquina Braille em parceria com o SENAI e programas de prevenção às drogas nas escolas são exemplos claros de sua dedicação ao bem-estar social.
O legado de Gino Pereira dos Reis vai além das inovações tecnológicas na Delta; ele deixou uma marca indelével na sociedade brasileira. A passarela situada no KM 12 da Rodovia Raposo Tavares, em São Paulo, é uma homenagem justa a um homem que dedicou sua vida a melhorar a vida dos outros. A história da Empresa Delta é entrelaçada com a trajetória inspiradora de Gino, refletindo um compromisso com a qualidade, a inclusão e o desenvolvimento social que continua a inspirar novas gerações.
Referência QSO Março de 2020 – Site Revista QSO
Texto Original PY2ADN – Adinei
Versão Antena Ativa – PY2CER – Carlos Rincon