Radioamadorismo e DX – Coreia do Norte

Coreia do Norte (P5): Um Desafio Único no Radioamadorismo e DX

O universo do radioamadorismo e DX reserva surpresas, histórias raras e desafios que vão muito além do conhecimento técnico. Entre todos os destinos desejados por quem pratica DX, existe um que se destaca como símbolo de dificuldade extrema e conquista quase mítica: a Coreia do Norte. Conhecida pelo prefixo P5, esta é uma das entidades mais desejadas no mundo para quem busca contato internacional via rádio. Quem já entrou nessa jornada sabe o valor de cada QSO confirmado vindo daquele território fechado e controlado.

Por Que a Coreia do Norte é Tão Importante no DX?

A resposta começa com um conceito básico, mas essencial para quem está se aventurando no mundo do nem todas as nações ou regiões oferecem facilidade de acesso aos operadores. A República Popular Democrática da Coreia, desde sua entrada oficial no programa DXCC em 1995, mantém regras severas que praticamente impossibilitam transmissões regulares.

Nenhum cidadão norte-coreano pode operar estações de radioamador. Não há licenças locais e qualquer operação feita no país precisa ser aprovada diretamente pelo governo. Isso faz com que cada atividade realizada dentro do território seja extremamente rara — e, por isso, muito valorizada entre os entusiastas do DX.

radioamadorismo e DX

Uma História de Silêncio e Surpresas no Éter

Ao longo dos anos, pouquíssimos operadores conseguiram transmitir legalmente da Coreia do Norte. E cada uma dessas tentativas se tornou parte da história. Vamos lembrar de alguns momentos marcantes:

1995 – P5/OH2AM

No dia 14 de maio de 1995, um grupo de radioamadores finlandeses, liderados por Martti Laine (OH2BH), realizou uma operação histórica diretamente de Pyongyang. Eles conseguiram registrar cerca de 20 contatos válidos usando o indicativo P5/OH2AM. Foi a primeira vez que a Coreia do Norte teve uma operação confirmada no programa DXCC.

1999 – P51BH

Quatro anos depois, Martti retornou à capital norte-coreana com permissão para uma nova operação. Dessa vez, operando como P51BH, ele conseguiu 263 contatos. Embora pequena em número, essa atividade fortaleceu a legitimidade da presença do P5 na lista de entidades válidas para o DXCC.

2001-2002 – P5/4L4FN

Essa talvez tenha sido a mais emblemática operação até hoje. Ed Giorgadze (4L4FN), natural da Geórgia, operou com autorização oral do governo local entre os anos de 2001 e 2002. Durante esse período, ele realizou mais de 16.000 contatos em modos SSB e RTTY. Sua operação foi acompanhada de perto, e terminou de maneira abrupta quando as autoridades exigiram o fim imediato das transmissões.

2015 – P5/3Z9DX

Em dezembro de 2015, o operador polonês Dom Grzyb (3Z9DX) surpreendeu a comunidade internacional ao realizar uma demonstração ao vivo, operando diretamente de Pyongyang. Usando uma antena vertical simples e apenas 100 watts, ele obteve 785 contatos com estações de 31 países diferentes. Esse evento acendeu a esperança de uma operação mais ampla no ano seguinte, que infelizmente nunca aconteceu.

Os Obstáculos Reais para Operar de Lá

Para entender o que torna a Coreia do Norte um caso tão isolado dentro, é importante conhecer os principais bloqueios enfrentados por quem tenta realizar transmissões a partir do país.

Restrições Políticas e Legais

Qualquer operação de rádio é considerada uma questão de segurança nacional. Isso significa que qualquer tentativa exige aprovações governamentais em diversos níveis, presença de autoridades locais durante a operação e, geralmente, a devolução de todos os equipamentos após o término.

Logística Complexa

Chegar até Pyongyang já exige visto especial, e as viagens quase sempre são feitas com escalas e aprovações via China. Transportar rádios, antenas e outros acessórios envolve um nível de burocracia que desanima até os operadores mais experientes.

Condições Técnicas Difíceis

Grande parte das operações ocorrem em áreas urbanas com alto nível de ruído elétrico, o que afeta diretamente a recepção. Além disso, o uso de antenas improvisadas limita o alcance e a estabilidade dos sinais, tornando cada contato uma verdadeira conquista.

Ausência de Apoio Local

Não existe uma comunidade ativa de radioamadores dentro da Coreia do Norte. Isso significa que todo o conhecimento técnico, os recursos e a experiência precisam vir de fora, o que torna cada expedição ainda mais desafiadora.

O P5 no Topo da Lista DXCC

A plataforma ClubLog, referência internacional no acompanhamento de estatísticas de DX, coloca a Coreia do Norte na primeira posição entre as entidades mais desejadas pelos radioamadores. Essa posição não é apenas simbólica. Ela reflete o nível de escassez e a quase impossibilidade de se realizar um QSO válido com operadores naquele território.

Para quem busca completar o DXCC Honor Roll — um dos maiores reconhecimentos dentro do radioamadorismo e DX — conseguir um contato com P5 é mais do que um objetivo. É um verdadeiro troféu de paciência, persistência e sorte.

O Valor Cultural e Técnico do DX

O desafio de realizar DX com regiões como a Coreia do Norte vai muito além da pontuação em rankings. Existe um componente humano, diplomático e cultural que envolve cada transmissão. Operar de um lugar como esse não significa apenas superar barreiras técnicas. Significa se conectar com o mundo sob condições altamente restritas, onde o rádio se torna um meio de liberdade, mesmo que por breves momentos.

Para os iniciantes no hobby, esse tipo de história serve como motivação. E para os veteranos, representa o espírito mais puro do radioamadorismo e DX: ir além, buscar novos horizontes, superar limites — e registrar cada QSO como uma linha de história pessoal e coletiva.

radioamadorismo e DX

A Coreia do Norte seguirá sendo um dos maiores desafios do mundo do rádio. Não importa quantas décadas passem, o prefixo P5 continuará despertando fascínio, curiosidade e desejo. Seja pela sua história, seja pela dificuldade, ela ocupa um lugar especial na alma de quem pratica radioamadorismo e DX.

Enquanto novas gerações de operadores surgem, sempre haverá aqueles que sonham em ouvir — nem que seja por alguns segundos — aquele chamado vindo de Pyongyang.

E você? Já escutou algum sinal do P5? Se sim, você é parte de uma minoria lendária. Se não, mantenha o rádio ligado. Um dia, talvez, ele volte ao ar.


Fonte: https://ea1cs.blogspot.com/2025/04/corea-del-norte-p5-un-desafio-unico-en.html

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